26.4.15

a mão que assinou o papel


A mão que assinou o papel derrubou uma cidade; / Cinco dedos soberanos tributaram a respiração, / Duplicaram a esfera dos mortos e reduziram um país à metade; / Esses cinco reis levaram um rei à morte. // A poderosa mão chega a um ombro arqueado, / As juntas dos dedos foram imobilizadas pelo gesso; / Uma pena de ganso pôs um fim ao crime / Que deu fim à troca de palavras. // A mão que assinou o tratado fez brotar a febre, / E cresceu a fome, e vieram os gafanhotos; / Grande é a mão que mantém o seu domínio / Sobre o homem por ter ele escrito um nome. // Os cinco reis contam os mortos, mas não aplacam / A ferida cicatrizada nem acariciam a fronte; / Há mãos que regem a piedade como outras o céu; / As mãos não tem lágrimas para derramar.

Dylan Thomas | Poemas reunidos: (1934-1953)
 Trad.: Ivan Junqueira | 1991