21.4.18

a doutrina do choque


Ethos criminoso do capitalismo de laissez-faire

Pagar baixos salários, demitir empregados à vontade, e mandar os lucros para casa sem se preocupar com regulamentações.

Terrorismo foi um termo usado para mascarar a perseguição a ativistas operários não-violentos.

As corporações estrangeiras fizeram mais do que agradecer as juntas militares pelo seu bom trabalho; algumas se tornaram participantes ativas nas campanhas de terror. No Brasil, diversas empresas se juntaram e financiaram seus próprios esquadrões de morte privados. Em meados de 1969, logo após os militares começarem sua fase mais brutal, foi organizada uma força policial extralegal denominada Operação Bandeirantes (OBAN). Composta de oficiais militares, a OBAN foi financiada, de acordo com Brasil: Nunca Mais, "pela contribuição de diversas corporações multinacionais, inclusive Ford e General Motors". Como ficou registrado no relatório, na medida em que estava fora das estruturas oficiais das forças armadas e da polícia, a OBAN desfrutava de "flexibilidade e impunidade quanto a seus métodos de interrogatório", e rapidamente ganhou reputação por sadismo incomparável.

Não foram apenas os sindicalistas que enfrentaram ataques preventivos – isso aconteceu com qualquer um que apresentasse uma visão da sociedade baseada em valores diferentes do puro lucro.

Como é o caso em todos os Estados de terror, os assassinatos planejados serviam a dois objetivos. Primeiro, removiam obstáculos reais ao projeto - ou seja, as pessoas mais inclinadas a lutar contra ele. Segundo, o fato de que todos eram testemunhas do desaparecimento dos "encrenqueiros" servia como uma advertência infalível para aqueles que viessem a pensar em resistir, eliminando assim obstáculos futuros.


O projeto da Escola de Chicago para a América Latina foi literalmente erguido sobre o segredo dos campos de tortura, nos quais milhares de pessoas que acreditavam num país diferente desapareceram. 



N. K.
Trad.: V. C.