31.10.18

abre aspas


Dead Kennedys | Well Paid Scientist

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um velho dito da esquerdar marxista, nunca seguido por quaisquer marxistas que realmente assumissem o poder de estado, era de que a emancipação da classe trabalhadora era tarefa da própria classe trabalhadora.

a nova esquerda dos anos 60 tinha feito fortes questionamentos à guerra, ao racismo, ao sexismo, à homofobia e a toda uma série de doenças modernas. o vazio e a banalidade da própria sociedade afluente foram rejeitadas por grande parte da contracultura, a ala mais politizada tratou da distância entre pobres e ricos.

redesenho e reurbanização das cidades (decadência e abandono dos centros, seguido de especulação e gentrificação desmedidas. 1970. toyotismo: aceleração da produção e descentralização do poder dos trabalhadores. o sindicalismo foi incapaz de questionar os rumos das tecnologia e a divisão do trabalho, neste sentido, as negociações se dariam cada vez mais nos termos dos patrões. esforço para sindicalizar a vasta força de trabalho não filiada. redução na sindicalização e crescimento da precarização. as pessoas tem muitas vezes vários empregos e jornadas cada vez mais longas para manter seus padrões de vida. o futuro é incerto. vários programas ineficazes para “retreinar” trabalhadores que perderam seus postos foram passando, enquanto o fardo de melhorar suas habilidades e se submeter a aprendizagem “continuada” passou aos indivíduos – não para seu próprio aperfeiçoamento, mas apenas para acompanhar o ritmo das demandas do capital, em rápida mudança. degradação do trabalho. como trabalhador individual, há pouco espaço para a autonomia, para um ritmo humano, para valores e necessidades que não sejam medidos pelos lucros da empresa por remuneração. a economia high tech que proclama sua necessidades de trabalhadores especializados depende de imensas quantidades de trabalho altamente regulado, simplificado, repetitivo, que exige muito pouca especialização (muitas tarefas podem ser aprendidas em uma hora ou duas, tornando os trabalhadores facilmente substituíveis). robôs industriais são aplicados a alguns desses empregos, mas a expansão do trabalho fabril que entorpece a mente e maltrata o corpo para atender a redes globais de produção de consumo não dá sinais de diminuir. economia insegura e flexível que escapa à lógica do sindicalismo – acordos contratuais duradouros e unidades de negociação de trabalhadores. as memórias históricas das comunidades que tinham se organizado e resistido à exploração capitalista também está se perdendo. movimentos populares, com memórias de seu próprio poder político baseado em ação coletiva, encolheram à medida que bases de locais de trabalho e bairro foram retirados deles. desagregação de locais de trabalho, decomposição da classe trabalhadora, processo de desintegração social e econômica.

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A vida cotidiana nunca corresponde ao mundo imaginário, editado e higienizado que vemos na TV. Ceticismo e desconfiança totais são alimentados por uma dieta constante de crimes de guerras por parte do executivo, fraudes empresarias massivas e rotineiras e um ambiente físico em visível decadência – talvez em processo de morte (para o qual sempre há uma impressionante panaceia tecnológica a caminho). As contradições visíveis estão isolando pessoas que vivem na margem precária, mas as de classe média, supostamente confortáveis, enfrentam a mesma desconexão entre a vida como é representada e a vida como é vivida.