18.9.07

[Metalinguagem: transgredindo metafisicamente o Lex Luthor do leitor]

Os dois no bar:

(Voz: um momento que vou me utilizar do meu cânhamo para o meu lazer. Cadeiras são arrastadas. Copos e garrafas na mesa. Iluminação amarela. Algumas pessoas. Bolinho de carne como cardápio. Fumaça. E o som de uma porta batendo.)

H:
Já volto.
M:
Certo.
H:
Talvez nós tenhamos perdido o amor.
M:
?
H:
É um pensamento que vou desenvoler agora, analíticamente-acadêmico-drummoniano.
M:
Drummoniano e acadêmico tem relação?
H:
Tem relação porque eu sou universitário, e raramente não penso academicamente.
M:
Tô refutando essa noção, de limite, depois da palestra do Paulo Arantes.
H:
Fronteiras invisíveis? Sempre existirá um limite. Mas se você acredita na transgressoriedade, quer se transformosear numa She Ra transgressora, a metafísica lunática que tentou derreter as paredes do the wall, vista a capa do supermam 100% algodão, meu amor.
M:
Sim, dizer tal coisa é tipicamente acadêmica é delimitar, para mim... não é?? Sarcasmo barato. Só seu. Seu. Típico você.
H:
O que eu disse antes?
M:
Ponho a capa que eu quiser para fazer o que eu quiser. É, o que você disse antes, sim.

(Algumas pessoas comprimentam M e apresenta em espécie de bocejo para H. H bebe. Abre um livro. Lê "Essas coisas", de Drummond. Essas coisas. Aquelas pessoas saem. Uma voz ao lado da mesa: Mais uma aqui.)

M:
Que porra de metafísica lunática para desestruturar o limite, trangressora? Pirou? Aliás, existe tal figura, tem razão. Mas não, não é esse o caso. Eu sou só o Wolverine. A outra personagem é você.
H:
Wolwerine fisica ou psicologicamente?
M:
Psicossomaticamente.
H:
Opa! agora a coisa é comigo. Vou abrir o livro do Zé Ninguém.
M:
Abre lá então... Já volto.
H:
Gostoso ficar aqui.

(Os copos são enchidos num tilintar de pratos e vozes. A fumaça fecha o ato.)