Na reabertura do Porão Loquax, a surpresa ficou por conta da performance do banquete de palavras com a rapaziada do Pó&teias e Epopéia. Adriano Smaniotto, Carlos Souza, Walter Martins, Cristiano Faria e Ricardo Pozzo fizeram, literalmente, a cabeça neste espetáculo surreal. A mesa, que para bem ou para mal, remetia diretamente à capa do disco Secos & molhados, nos chamava para o abocanhamento literário. Cabeças brancas, pão, alface e banana davam-nos a poesia nossa de cada dia: Tomara que um dia de um dia seja/ Para todos e sempre a mesma cerveja/ Tomara que um dia de um dia não/ Para todos e sempre metade do pão/ Tomara que um dia de um dia seja/ Que seja de linho a toalha da mesa/ Tomara que um dia de um dia não/ Na mesa da gente tem banana e feijão...
Depois, com a abertura do microfone ao público, outros cabeçudos [sic!] mostraram a cara e soltaram a voz.
Devo admitir que morto-vivo estes dois textos salpicaram do pé!:
Psicanálise dos incluídos
Você não pode comer a mamãe
Tampouco decepcionar o papai
Não ouse estuprar a ninfeta
Nem queira dar sua roela
Se usar coisas ilícitas
Se esconda
Se quiser sublimar sua fraqueza
Vire polícia
Só não queira dizer buceta
Onde todos dizem vagina
E cuidado com as aparências
Nada de quilos de gordura
Ou cocaína
Chegue no trabalho mais cedo
Mas cuide pra não derrubar o punhal
Que traz do chefe o apelido
Aprenda a ter um deus
E uma crença
Ainda que ambos te ensinem
A ser reprimido
Nunca coma a mulher do amigo
Nem coma o amigo que é uma mulher
Mas não fique muito sem comer
Que isso que é ter umbigo
Aprenda a dizer coisas
Como tudo bem, que bom
E também acho
Esqueça palavras como que merda,
Vá se foder, que saco
Até que um dia
O tempo
Mais sábio
Porque sem terapia ou escola
Para você ver que a vida foi embora
**
Parado na paródia
Poema de sete cores todas da mesma cor
quando nasci
um pintor torto
desses que cortam as orelhas
disse
vai tinta!
ser guache na vida
Depois, com a abertura do microfone ao público, outros cabeçudos [sic!] mostraram a cara e soltaram a voz.
Devo admitir que morto-vivo estes dois textos salpicaram do pé!:
Psicanálise dos incluídos
Você não pode comer a mamãe
Tampouco decepcionar o papai
Não ouse estuprar a ninfeta
Nem queira dar sua roela
Se usar coisas ilícitas
Se esconda
Se quiser sublimar sua fraqueza
Vire polícia
Só não queira dizer buceta
Onde todos dizem vagina
E cuidado com as aparências
Nada de quilos de gordura
Ou cocaína
Chegue no trabalho mais cedo
Mas cuide pra não derrubar o punhal
Que traz do chefe o apelido
Aprenda a ter um deus
E uma crença
Ainda que ambos te ensinem
A ser reprimido
Nunca coma a mulher do amigo
Nem coma o amigo que é uma mulher
Mas não fique muito sem comer
Que isso que é ter umbigo
Aprenda a dizer coisas
Como tudo bem, que bom
E também acho
Esqueça palavras como que merda,
Vá se foder, que saco
Até que um dia
O tempo
Mais sábio
Porque sem terapia ou escola
Para você ver que a vida foi embora
[Adriano Smaniotto]
**
Parado na paródia
Poema de sete cores todas da mesma cor
quando nasci
um pintor torto
desses que cortam as orelhas
disse
vai tinta!
ser guache na vida
[Ivan Justen Santanna]