25.4.08

[Delírios do homem enquanto pico]

[Folles Amour, de Lucien Clergue]


Delíros do homem enquanto pico
Fragmentos de um gorilinha


No pico: o surgimento do Éden. Ó! Grande Tótem! Egipcias sensações piramidais. Veias dilatadas. Imaginação. Tenho em meu sacrilégio, minha única religião. O verdadeiro. O mítico. Grosso modo universal. A carne. Aterrizo no paraíso perdido. Por quê? Delirante, avisto Adão e Eva. Observo-os. Nus. Comendo. A maçã, que tem cara de Marilyn Monroe. Mordo-a, arrancando um naco. Adão toca em Eva. Eva o chupa. Retribuição de carinhos. Humanos? Deus, sentencioso, parece não gostar. Deus, perdoe-me. Mulheres, numa espécie de jardim das delícias, correm desnudas. Árvores com seios no lugar de frutos. Cachoeiras que jorram orgasmos. Rosas que gemem. Plantas que ejaculam. Um bolo de mulheres começa a se desprender das paredes. Correm. Pulam. Saltam como coelhos. Peludas. Tocando uma nas outras. Tudo muito mútuo. Visão celestial. Estou. Estou descontrolado. Suor. Que molha. Gozo. Que fabuloso. Mulheres infinitas vão e vem, vem e vão. Loucas. Chupam-me. Línguas. Cabelos negros e compridos. Xoxotas. Delicadas. Sugadoras. Seios. Quadris. Pernas. Dedos. Uma bronha. Agora: um braço. Anestesiado.