31.7.09

7º distrito - vila hauer

[Peter Paul Rubens - 1618]



...

- Anot’issoaê, Zé. E aí, conta' mo foi o resto?

Me deu uma coisa não sabia do meu paradeiro mas logo que percebi tava dentro do terreno arrastando a garota no meio do mato úmido. Garoava. Eu vestia um blusão com toca por baixo da jaqueta de couro. Só lembro que ela tinha a cabeça ensangüentada de sangue com um caco de vidro atravessado. Deitei o corpo debaixo de uma árvore. Tudo isso no terrenão baldio. Fui tirando a roupa: primeiro a calça de brim. Depois a calcinha com toda a força que ficou em tiras. Não queria nem saber agora que tinha começado o lance. Deixei a meia branca. Fetiche essas coisas. Meia hora sem tirar. Quando gozei parecia uma mijada. Eu era um cavalo. Saí correndo com a calça ainda arriada. Olhei pra cima e tinha uma janela com cortina vulto no prédio da frente. A coisarada tudo e mais o resto do céu girou pensei que ia cair e pá! já tava em outra parada quando pulei o muro e dei direto pra rua. Não tinha ninguém. Era noitinha. Fim de tarde. Minha cabeça fervia, doutor. Me pegaram um dia na rua. Tomando conhaque com um amigo da quebrada. Vou fazer o quê? Agora aqui!! ferrado. Seria infelicidade demais prum dia de sol mas. Quando me pegaram os políciais me encheram de porrada na cara soco na nuca algumas coronhadas nem mal me jogaram como um saco plástico cheio de estopa no fundo do camburão pra dar ferro no cavalinho de pau. Quem te segurava? A cabeça cada galão que vixe!; e mire e veja o senhor mesmo doutor os ematomas espalhados por todo o corpo. Cada roxão que minha mãezinha lá no céu. Quase morri. Que foi qu’eu fiz, hein, doutor?