12.9.09

telegrafando


a mochila com livros


Por estas bandas de cá do pantanal, eu não recebo indicações de leitura porque minha raiva contra todos vocês é maior ainda e a minha convivência com os livros é mais intensa do que com as pessoas. Então procuro criar um vínculo, um elo transcendente apenas com as obras de cunho literário, com as ideias do autor (pronunciadas através de um narrador/eu-lírico) para saber que, através das frases bifurcadas pela ausência, não estou sozinho e que não sou o único a alimentar sentimento parecido.
Já não me servem livros indicados, porque simplesmente vou às livrarias e aos sebos garimpar autores que me eram até então desconhecidos.
Procura-se. Encontra-se. E lê, é claro. Paga-se, do bolso com dinheiro que é dinheiro, no fim das contas.

devaneios de um caminhante solitário

Sobre o vínculo estabelecido entre o livro e o leitor não pode haver identificação, mas sim estranhamento, ou melhor, um estranhamento que deve se apossar de mim para que eu me identifique com a obra. Obscuramente. Aí, sim.

da leitura

César Aira em seu texto intitulado Diário de um demônio nos diz que "agora em diante só posso escrever em nome do Mal. É uma expressão, uma confirmação, uma revelação; é uma atitude nova e automática, sem reverso, sem fundo. Somente no Mal o ato de escrever ganha sentido", e as flores cheiram a moribundo.
André Gide, outro escritorzinho maldito, numa frase pra lá de batida, já dizia, também, que não é com bons sentimentos que se faz uma obra. E o escritor argentino, acima citado, arremata: "O Mal permite que a vida continue, deprecia as supostas hierarquias de importância, dá a medida exata da banalidade necessária para que o homem percorra seu caminho no mundo."
Quem quer ser o Luís da Silva, de Graciliano Ramos? Ou o nocivo e patológico funcionário público naquele romancinho que nem acabado está do Dostoiévski? Sim, é preciso ler e reler alguns - poucos - escritores.

E chega de lero-lero.