I
o que foi aquilo que passou,
o que foi?
pulando pelo corredor da casa?
II
me deixa ver.
- eu já volto.
III
será que entrou por aqui?
caminhos faço por entre o corredor narrativesco, quando desponto no falso horizonte, perto da janelinha, por onde entra ar e barulho, uma bolinha de carne e pêlo grudada ao teto de pvc do banheirinho.
por acaso, seria aquilo que outrora pulava? que coisa mais asquerosa.
IV
quero observar mais atentamente. quem era o mais curioso dos dois? subo num banquinho de madeira pintado por mim mesmo. me aproximo com curiosidade. constato: é uma coisa grotesca. desço do banquinho e próximo da porta, atiro um chinelo. não cai. outro, o esquerdo, maldição, erro. pego no cabo da vassoura. cutuco. parece que se mexe. me prontifico pra recuar. tento novamente. cutuco. está vivo. é uma coisa e está viva. o que será? o que será? ainda com o cabo da vassoura, vou espremendo contra o teto espremendo até que
pluc!
V
que sensação é esta que em mim inunda a vida
e bate na bunda?
VI
ou era, portanto, o olho
mergulhando ao infinito do ralo?