5.10.09

qualé, tá m'estranhando?


Procuramos, num momento precário de nossas vidas ou simplesmente pelo passar do tempo, estudos mais centralizados: por exemplo, seguir certa vertente crítica de cunho sociológico, pois, como podemos perceber, literatura ruim faz uma sociedade pior, isso sem dúvida alguma. Levar em conta também as leituras voltadas ao estudo da verossímilhança de que podemos descascar métodos e sistemas para levar (no entendimento) a vida e o trabalho conforme as regras do tabuleiro social. Ao vencedor...? Quem comia a última? Mas, como eu ia dizendo, as leituras de entretenimento foram substituídas por ensaios e artigos sobre literatura. Antonio Candido e Fábio Lucas encabeçam a ponta de lança dos estudiosos literários que disponho da biblioteca; correndo por fora, filosofia niilista e ciência pós-moderna saltam os paradoxos contemporâneos. Já ouviu falar em hipermodernidade? E Vinícus Dantas, por acaso o conhece?

Então mira e veja:




vai vir o dia
quando tudo que eu diga
seja poesia

[...]

Querem ver nisto Zen e influência da poesia oriental; creio, contudo, ser mais um artifício de quem trabalhou em publicidade e conhece demais seu ofício, além de visar principalmente o leitor médio.

e fechando o balanço:

[...]

A graça fácil e infantilizada de sua poesia, com seu faz-de-conta revolucionário, rebelde ou vanguardista, nutre sonhos adolescentes e tem ouvidos moucos para o desmentido da realidade. Chegando tarde e cansado para a vanguarda e a revolução, só restou ao poeta curitibano se entregar à fantasia compensatória de suas brincalhonas palavrinhas.

[A nova poesia brasileira e a poesia. Novos estudos - CEBRAP, n. 16. Dezembro de 1986. p 50-51]