
(rondó - arrigo barnabé - neusa pinheiro freitas)
aranha vem dançar
nessa teia cadeia de prata
vai aranha emaranhar
vem pratear vira prata
na teia da aranha
sou aranha de prata
sou cadeia que mata.
SONETO DA FUGA SÚBITA [1249]
Cagava a ninfetinha quando, rente
ao vaso sanitário, a enorme aranha
do pé se lhe aproxima. Muita manha
tem feito a adolescente, ultimamente.
Recusa-se a comer, a boba, crente
que assim mantém a forma. Nem se acanha
ao ver-se peladinha e, mal se banha,
desfila e posa, dum espelho em frente.
Agora, sentadinha na privada,
esquece, por um tempo, seu corpinho,
e esforça-se em cagar, compenetrada.
A aranha, cujo pêlo é como o espinho,
lhe roça a pele! Corre, inda pelada,
e escorre-lhe o cocô pelo caminho...
[MATTOSO, Glauco. A aranha punk. São Paulo: Annablume, 2007. p. 27]