2.1.11

taquigrafia



Aos domingos costumo subir a ladeira pra despontar na colina. De pé no topo do morro arremesso um aviãozinho de papel. Por aqui eu fico até começar a noitinha de céu estrelado; sento pra não ver cometa passar. Então antes, desce uma moça de lenço na cabeça esvoaçante, e do seu lado esquerdo pisca um vaga-lume. A brisa é sempre boa daqui de cima. Fico a mirar a moça do meu canto. Agachado. É sempre assim, já faz um bocado de tempo. Todo final de semana, menos os chuvosos. Nos encontramos, mas não nos conhecemos. Nunca trocamos uma palavra. Jamais um gesto, aceno,

“ei!”

Contudo, estamos sempre aqui. Cada qual contido no seu estrito silêncio.
Respeitando, convivendo: como educa a pedra.