9.7.11

das cirurgias plásticas


II


A moça, que ia comemorar seus cincoenta anos no litoral, sofreu um acidente. O desastre, beirando a tragédia clássica da antiguidade, resultou nos olhos atingidos pelos estilhaços do carro contra o trator na estrada, quando seu marido, num descuido, perdeu o controle do automóvel. Nessa era uma vez: ela ficara viúva.

Levada para o hospital, ainda inconsciente, o cirurgião com parcos recursos, ou melhor, usufruindo do improviso público, substituiu os olhos macerados por dois umbigos. Eram o que sobrava do banco de órgãos do HC.

Hoje em dia, passados os anos, o amante sensível, ao acariciar o umbigo, que não é um olho, faz a moça sorrir.