11.10.11

sobre uma crônica


o ex-professor acadêmico ficou mais burro?


Estava eu voltando pra casa, bem logo depois de comprar uma latinha de tinta pra pintar a janela da biblioteca, quando me lembrei de algo que eu ia esquecendo: o jornal pra forrar o chão. No caso de algum descuido meu, vai que a tinta pinga.

Viro a esquina, uma banquinha, e lerê!, a duas quadras de casa. Adentro-me como bom raparigo – sujeito com fumo de homem – pra apanhar um jornal. Da capital, de preferência. Ora, quem diria, justamente hoje. Que dia era? Sabe o leitor? Terça-feira, dia do mocinho indomável. A dois real. O título da crônica, “Polícia do pensamento”. Exagero? Foi assim que me achei pego ao pé da interrogação. Como uma graúna invertida. Fui lá, curioso pela astúcia intitulada e dei-me com mais uma crônica mal escrita, digo: pensada. Desculpe a intromissão, fui eu que policiei. Mas voltemos a este gênero textual, o qual deveria ser leve como andar de mãos dadas com uma garota: recheado de devaneios; o caminho dos dois. Mas o fetiche do garoto, autor da referida crônica, faz o discurso se render ao capitalismo na defesa da publicidade retirada do ar. Pra começar, Gisele na propaganda da Hope parece uma boneca manipulável: idiota na presença de calcinha e sutiã, e o pior, de salto alto. Se era pro marido, que, então, aparecesse nua; todavia, conforme o discernimento nos ensina: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Voltando à “mulher independente”, conforme disse Marta Suplicy, também em sua ajuda, Gisele representa uma mulher vazia de significados, como se a relação com um homem fosse apenas econômica. Não há substância alguma, mesmo de piada. Achei uma burrice sem tamanho, e só!

A gente, cabra macho, de pexera na mão, não nega a belezura que a magreza da modelo tem de poder sobre o nosso consciente, sem esquecer a ideologia burguesa transmitida na ideia materializada que carrega a imagem. Sabe de uma coisa, o cabra macho também é um estereótipo, ta vendo? O cara da crônica por ser um ator logo irá defender estereótipos do tipo “censurado”. Mau gosto? Puxa vida!, foi imbecializante a publicidade; aliás, como o próprio texto do ex-professor.

Algo no título foge ao ato de pensar. Pensar para transformar, não para manter a estrutura dominante dos tempos atuais: ideologia da propaganda. Qual ligação tem o ato de pensar com o mercado das vendas?, creio que ficamos sem respostas, alienados. O fato de vender algo – por pior que seja a mercadoria – nos proporciona uma momentânea felicidade? Aceitamos a imagem que vende um produto e nisso: não há nada de pensamento.

Agora me vou embora, pra aprender a língua dos passarinhos.