22.4.17

il mondo invisibile


Entrei (inopinadamente) no mundo da escrita com dois livros sobre os campos de concentração; não cabe a mim julgar-lhes o valor, mas eram sem dúvida livros sérios, dedicados a um público sério. Propor a esse mesmo público um volume de contos-entretenimento, de armadilhas morais talvez divertidas, mas distanciadas e frias, não seria o mesmo que praticar uma fraude comercial, como quem vendesse vinho em garrafas de azeite? São perguntas que me fiz ao escrever e publicar estas "histórias naturais". Pois bem, eu não as publicaria se não estivesse convencido (não imediatamente, para ser sincero) de que entre o Lager e essas invenções existe uma ponte, uma continuidade. 

Primo Levi
Trad.: Maurício S. Dias