14.4.17

o intelectual e a universidade estagnada

Félix Vallotton


Milton Santos publicou este pronunciamento em Outubro de 1997 e continua tão atual como se tivesse escrito ontem.

Separo três fragmentos que me chamaram a atenção.

O intelectual e a Universidade estagnada
Revista Adusp

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Se a universidade pede aos seus participantes que calem, ela está se condenando ao silêncio, isto é à morte, pois seu destino é falar.

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Ser intelectual é exercer diariamente rebeldia contra conceitos assentados, tornados respeitáveis, mas falsos. É, também, aceitar o papel de criador e propagador do desassossego e o papel de produtor do escândalo, se necessário. É preciso, para esse desiderato, ter a boa medida entre a modéstia e a coragem, essas condições do “homem só”, já que o intelectual não é o “nós”, ele não espera o apoio do colega ou do vizinho para avançar. Aliás, na maioria das vezes não avança se a cada passo tem que pedir, solicitar o apoio do colega ou do vizinho. Daí a sua solidão e seu entendimento das chamadas derrotas. O intelectual tem de saber, e a professora Maria Adélia de Souza já o lembrou, que a nossa meta não é o poder, mas o prestígio, que são coisas diferentes.

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Ser intelectual hoje, na fase da globalização, encontra dificuldades oferecidas pela própria definição do que, atualmente, é conhecimento. Neste momento da história e do mundo, o papel do conhecimento como força produtiva direta acaba por atrapalhar o trabalho e complicar o papel do intelectual, ameaçado todos os dias de corrupção.