29.1.18

diários de bicicleta


[Divide and conquer]

[...]

O livre para todos da blogosfera e a loucura total das coisas que as pessoas postam on-line compartilham uma bela sensação de tanto faz. A sensação de liberdade anárquica permanece e, devo acrescentar, essa turma é legal com as bicicletas.

Uma bicicleta é, por exemplo, um aperfeiçoamento das pernas, então talvez poderíamos sim criar algo melhor do que nós mesmos?

Rabiscar é uma arte melhor quando você tem uma intenção consciente?

Há uma elaborada coreografia envolvida em se passar por um artista profissional. Para começo de conversa, é necessário ocultar o discurso de venda, e esse protocolo, esses passos de dança, precisam ser dominados, como acontece em qualquer outra profissão.

Artistas e escritores são encorajados a mergulhar em seus abismos mais profundos.

Mas para a maioria de nós, o fato de que Ezra Pound fez transmissões de rádio apoiando os fascistas ou que Neil Young era um partidário de Ronald Reagan ou de que alguns compositores e artistas elogiavam Stalin - ou mesmo Hitler - torna seus trabalhos suspeitos, ou mesmo sem valor em alguns casos? Em que ponto a atividade extracriativa da pessoa começa a fazer diferença sobre como avaliamos sua obra? Essa questão pressupõe que aquelas simpatias políticas ou perversões sexuais realmente aparecem no trabalho - e eu nem estou falando sobre obras que são escancaradamente propagandistas. Se optarmos por denegrir a monumental arquitetura de Speer, então existem muitos outros arquitetos que, a julgar pela aparência de seus trabalhos, são igualmente fascistas, e muitos deles estão trabalhando hoje.
Qual é o limite? Nós deveríamos julgar apenas pelo que está à nossa frente?

Byrne, 2009. p. 247-266