26.1.18

do sentimento da natureza nas "sociedades modernas"



Houve um tempo, todos recordam disso, em que se via na extrema divisão do trabalho uma das realizações mais desejáveis de toda grande indústria manufatureira; os economistas pregavam esse uso com um entusiasmo quase religioso e exaltavam-se em descrever a fabricação de um alfinete, obtido pelo trabalho de uma centena de operários tendo cada um durante várias jornadas, meses, anos - durante a vida inteira - feito sempre o mesmo movimento, dado o mesmo golpe de cinzel, lima ou brunidor. Essa especialização absoluta das funções no organismo industrial cessou de parecer tão perfeitamente admirável, e alguns se perguntam se é bem conforme ao respeito devido ao homem transformar um ser humano em um simples instrumento condenado durante toda a sua existência a fazer um único movimento mecânico, deformando o corpo, subjugando, aniquilando o espírito.

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Trad.: PAC