Houve um tempo, todos recordam disso, em que se via na extrema divisão do trabalho uma das realizações mais desejáveis de toda grande indústria manufatureira; os economistas pregavam esse uso com um entusiasmo quase religioso e exaltavam-se em descrever a fabricação de um alfinete, obtido pelo trabalho de uma centena de operários tendo cada um durante várias jornadas, meses, anos - durante a vida inteira - feito sempre o mesmo movimento, dado o mesmo golpe de cinzel, lima ou brunidor. Essa especialização absoluta das funções no organismo industrial cessou de parecer tão perfeitamente admirável, e alguns se perguntam se é bem conforme ao respeito devido ao homem transformar um ser humano em um simples instrumento condenado durante toda a sua existência a fazer um único movimento mecânico, deformando o corpo, subjugando, aniquilando o espírito.
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Trad.: PAC
