9.6.18

maio de 1968 em Paris


testemunho de um estudante
Michel Thiollent

A concepção da universidade popullar de 1968 era diferente das universidades populares do início do século XX, que foram criticadas por Gramsci. Na sua concepção antiga, as universidades populares eram instituições reconhecidas, com docentes profissionais expondo a ciência ao povo. Gramsci criticava essas universidades por serem marcadas pela ausência de uma relação orgânica com os trabalhadores. A forma de exposição permanecia abstrata e sem conexão com a prática. Não havia capacidade de se estabelecer uma ponte entre o saber erudito e a crítica ao senso comum. Também foi criticada a reprodução de hábitos das universidades burguesas.

Na Universidade Popular do 13, não havia professores fixos nem aulas propriamente ditas, tratava-se de um fórum de discussão com estudantes e trabalhadores. [...] Os debates eram semanais, organizados em função de temas definidos com antecedência e anunciados na rua por meio de cartazes, jornais e serigrafia produzidos no ateliê de um artesão ceramista.

Como elemento de balanço, pode-se considerar que a Universidade Popular do 13 despertou dentro de um pequeno grupo de estudantes e de trabalhadores assíduos um vivo interesse pelos estudos. Os trabalhadores em questão exigiam da Comissão da Fábrica uma compra de livros para a biblioteca da empresa em que atuavam. Fortaleceu-se o sentimento de serem capazes de entender a situação e de realizar pequenas enquetes sobre as condições de moradia em um bairro ameaçado pela especulação imobiliária.

Os acontecimentos da primavera de 1968 e as experiências de verão constituíram "aulas" de efeito mais prolongado que as aulas convencionais.