26.10.20

Lipstick traces


Uma interminável acumulação de espetáculos - anúncios, diversões, tráfego, arranha-céus, campanhas políticas, lojas de departamentos, acontecimentos esportivos, noticiários, roteiros artísticos, guerras externas, lançamentos espaciais - compõe o mundo moderno, um mundo em que toda a comunicação flui em uma direção, do poderoso para o sem poder. Naturalmente, o espetáculo produz não atores, mas espectadores: homens e mulheres modernos, os cidadãos da sociedade mais avançada da Terra, que eram excitados e estimulados a assistir ao que quer que estivessem recebendo para assistir.

Tendo satisfeito as necessidades do corpo, o capitalismo como espetáculo se voltou para os desejos da alma. Voltou-se para homens e mulheres isolados, avaliou suas emoções subjetivas e suas experiências, transformou aqueles fenômenos antes evanescentes em mercadorias objetivas e reprodutíveis, as colocou no mercado, estabeleceu os preços e vendeu de volta para aqueles que, um dia, tinham produzido emoções e experiências a partir delas mesmas - para pessoas que, como prisioneiras do espetáculo, agora só podiam encontrar tais coisas no mercado.

Todos os desejos devem ser reduzidos àqueles que possam ser colocados no mercado.