16.8.18

revolução e contrarrevolução

1925-1985

A revolução não tem propósitos violentos, ela tem propósitos de vida, sem violência. A velha civilização é a violência do sistema social, a violência do dinheiro, a violência do poder autoritário, exército, polícia... a violência da raiva, a violência de éticas egoístas e mortes absurdas... Não queremos violência. Queremos vida. Queremos ser livres. Ser livre significa ser livre da violência. É por isso que o verdadeiro revolucionário é não violento. É por isso que encontraremos outros meios para mudar o mundo. Queremos ser livres do Estado assassino. Queremos transformar a força da morte em energia de vida, a violência, em criatividade. Cada pessoa deve ser livre para comer. Enquanto você pensar que é lícito matar, não nos libertaremos. Não podemos alimentar os mortos. Não podemos parar a guerra com a guerra. Queremos nos livrar da coerção. Todas as armas coagem. Toda matança é contra-revolucionária, antipoesia, antivida, antiamor e antimatéria. Os pobres ardem de beleza porque não carregam armas como a polícia. Nós somos inteligentes, nós, os revolucionários. Mas nós saberemos, quando tivermos abolido a violência, o dinheiro, o militarismo, a desigualdade... A revolução relegará o capitalismo... A revolução relegará o militarismo ao passado remoto. Este é o caminho:  fora das prisões, fora das favelas, dos guetos negros, fora da vida de trabalhar por um salário... fora da civilização da morte, a morrer e a matar... O fuzil é a lógica do pensamento insensato. Queremos transformar os oponentes da revolução com nossos corpos, brancos e negros. Nós formaremos células, minaremos a estrutura, assaltaremos a cultura, divulgaremos a idade da nova sociedade: a nova sociedade livre. Nós construiremos uma infraestrutura de trabalhadores e organizadores e, um dia, deixaremos de usar dinheiro. Só faremos trabalhos úteis. Planejaremos antecipadamente como levar as maçãs para a cidade. Você virá aos armazéns públicos e levará tudo o que precisar. Nada de dinheiro, nada de escambo, nem contrato. E se você não quiser, não será obrigado a trabalhar. E todas as pessoas envolvidas com dinheiro, governo, burocracia exército e a produção de inúteis mercadorias de merdas todas estarão livres. E se cada pessoa trabalhar cerca de dez horas por semana, o mundo, em revolução, continuará girando. Todas as prisões serão abertas. Não há roubo se não há nada para ser roubado. A violência é falta de sensibilidade. O dinheiro é falta de sensibilidade. Se pararmos de usar dinheiro, os bancos falirão. O exército desaparecerá, se não houver mais pagamento. Não precisamos de governo, precisamos de uma simples administração. A razão de ser do governo é proteger o dinheiro. Uma simples administração irá girar a roda para nós e isso será suficiente. Nos administraremos a nós mesmos e não haverá aluguel, não haverá nada para pagar. O meio para chegar à revolução é a destruição do dinheiro. Tudo é simples assim. Quando abandonarmos o dinheiro e a violência, inverteremos a consciência. Você não pode ter uma sociedade comunitária que inclua a violência. A violência divide. É anti comunidade. Você não pode ter liberdade individual com a violência ao seu redor. A violência tiraniza todo mundo.

Julian Beck
Trad.: Llion T.