9.11.18

república de papeletras como traição de classe


A república de papeletras se define a partir do confronto de duas gramáticas complexas: a) uma que investe no governo, isto é, no controle do povo, pelo povo e para - inviabilizar politicamente - o povo (em sua expressão e representação, aquisição de direitos e distribuição de riquezas); b) outra que, mudando o conceito de povo para o de proletariado, paralisa o movimento dialético e complexo da história, suas historicidades e revolução permanente a favor da abolição da luta de classes.

O resultado desse confronto acaba por produzir essa outra imagem política para o século XXI: considerando que o verbo não se fez carne, mas apenas soldou a religião à política nas várias formas do Estado de exceção, inclusive nos ditos democráticos, é tarefa urgente tornar a palavra falada, escrita - ou, mais abrangentemente, qualquer forma de representação - a principal matéria-prima; visibilizar na escola communard existente sua máquina de desmontagem da relação entre palavra e coisa, quem se manifesta, sob que estrutura lógica essa matéria-prima se apresenta; e demonstrar como uma multiplicidade de associações de homens, mulheres e crianças livres fabricaram e/ou têm fabricado outras noções de direito associadas à vida libertária, para que o trono do poder esteja sempre vazio como esvaziável tem sido o significado transcendental por força do embate e da guerra de relatos que envolve todos os desterritorializados.