11.2.19

ripudio tutti voi preti

The clerical action on our unfortunate planet

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Para assegurar maior controle e impedir a autoconstrução espontânea do operariado como classe, alguns empresários utilizaram estratégias mais sofisticadas do que a simples pancadaria policial, embora ela não fosse dispensada quando se tratava de garantir a tranquilidade da produção. A perpetuação das relações de poder passava pelo enquadramento das múltiplas instâncias da vida social. A religiosidade e o patriotismo voltaram a ser lembrados, embora nunca estivessem sido realmente esquecidos, como poderosos anteparos para impedir a disseminação das ideias revolucionárias e internacionalistas. No final de 1917, a declaração de guerra à Alemanha reforçou ainda mais o discurso nacionalistas.

O clericalismo foi reativado na sua plenitude como elemento de controle. A igreja readquiriu uma importância fundamental no processo de introjeção dos valores dominantes. O púlpito voltou a servir de palanque para pregações em que o trabalhador era incitado a aceitar a vida miserável, os baixos salários, a hierarquia, o ritmo das máquinas. O objetivo era que os trabalhadores se transformassem em responsáveis pela sua própria servidão.

Através do paternalismo filantrópico burguês e da caridade cristã pregada pelos padres, o operário deveria apender a levar sua cruz de pobreza e humildade, conformar-se com sua sorte. Era desejo dos patrões moldar trabalhadores mais obedientes e cumpridores dos seus deveres. Os padres auxiliaram no processo de construção dessa rigorosa disciplina. A associação entre os interesses patronais e a dominação religiosa resultou na mais completa vigilância no dia a dia do trabalhador e de sua família. Nenhum momento foi esquecido por aqueles que procuravam normatizar completamente a vida dos trabalhadores.

A pior de todas as pestes - a peste religiosa - que não nos deixa respirar um só momento, apertando-nos pela garganta, estrangulando-nos com suas garras mil vezes ensanguentadas e mil vezes assassinas.... o padre procura é introduzir-se no nosso lar para melhor corrompê-lo, deixando nele o vírus da ignorância em que a burguesia assenta a sua obra de exploração.

Eduardo V.