17.4.19

marxismo cultural


Eu fico abismado quando ouço falar sobre um tal de "marxismo cultural" doutrinando "nossas crianças". É como se vivêssemos sob a ditadura do proletariado e os alucinados, ou melhor, os fanáticos religiosos fossem nos libertar dele. É como se andássemos pela "república de curitiba", e nos deparássemos com panificadoras comunistas. 

- Me vê seis pãezinhos revolucionários, Proudhon. 

Não haveria empresários e nem patrões. Todos seriam trabalhadores. Na fila do pão os companheiros saudariam não de modo artificial, mas de modo espontâneo uns aos outros. Comentariam sobre as teorias libertárias, os avanços da ciência e a justiça social em curso.

É como se na "cidade linda e amorosa" tivesse em cada esquina uma livraria comunista, uma livraria anarquista, uma livraria anarco-comunista, uma livraria socialista, uma livraria libertária, com fachadas estreladas, foices e martelos, bandeiras vermelhas, bandeiras pretas espalhadas significando o sistema igualitário dos anarco-comunistas onde todos são conhecido como companheiros e o lema maior seria a solidariedade e, principalmente, o papo-cabeça.

Imagino o centrinho do paraíso na terra dominado por barbearia Karl Marx, pizzaria Malatesta, na compra de duas pizzas, a casa presentearia com vinho Bakunin, feiras de orgânicos Maria Lacerda, cafés Emma Goldman, escolas para livres pensadores Bertrand Russel, biblioteca pública Noam Chomsky, lojas de disco punks, onde só se venderiam Lps de bandas socialistas, pagãs e anarcopunks. 

Na capital socialista a distribuição de renda seria justa e igualitária. Renda universal - como doutrina econômica - para todo mundo ser o que quiser. Artistas, livres-pensadores, leitores-profissionais, artesãos, escritores, ilustradores, tipógrafos, livreiros, cozinheiros etc. 

Sob o regime marxista, onde os habitantes são conscientes, a cidade seria essencialmente ecológica, os carros teriam sido banidos do centro e todas as pessoas utilizariam outros meios de transportes não poluentes e não barulhento. Cidade para pessoas: único slogan aprovado em assembléia.

Quando eu ouço essa fantasia de que estamos sendo "doutrinados" pelo "marxismo", me soa como se vivêssemos numa cidade onde deus tinha sido abolido. Mas como todo mundo sabe, não é isso que vemos. Aliás, está bem longe.

Eu realmente não sei ainda onde está esse "marxismo cultural". Será nova marca de cueca anunciada pelas olavetes e eu não fiquei sabendo?