28.5.19

chopin na cadeira elétrica


Ratões de porão | 1989


Não pense que você é uma solução
Violência e estupidez aqui sempre existiu
Aqui ninguém tem culpa se o país está na merda
Você está deixando isso aqui muito pior


Se o capitalismo permanecer de pé, se começar a mercantilizar nossas ideias outrora subversivas, é a prova de que eles venceram. Nós perdemos, nós fomos cooptados. Para mim isso é absurdo. Podemos dizer que o feminismo perdeu, que não conquistou nada, só porque a cultura corporativa se sentiu obrigada a demonstrar apoio à condenação do sexismo e firmas capitalistas começaram a comercializar livros, filmes e outros produtos feministas? É claro que não: a menos que tenhamos conseguido destruir o capitalismo e o patriarcado com um golpe mortal, esse é um dos mais claros sinais de que chegamos a algum. É de se presumir que qualquer estrada efetiva para a revolução envolverá infinitos momentos de insurreição ou momentos de autonomia fugaz e encoberta. Hesito mesmo em especular como realmente seria. No entanto, para começarmos a caminhar nessa direção, a primeira coisa que precisamos fazer é reconhecer que, de fato, vencemos algumas. Na verdade, ultimamente, temos vencido um bocado. A questão é como romper o ciclo de exaltação e desespero e gerar algumas visões estratégicas (quanto mais, melhor) dessas vitórias construídas uma sobre a outra, para criar um movimento cumulativo rumo a uma nova sociedade.