10.6.19

a era da pós-verdade


Em tempos de patrulhamento e verdades instantâneas, a revelação da relação promíscua entre magistrados e procuradores, demonstrando inequivocamente que a pretensão é fazer justiça e não aplicar o Direito, traz à tona a reflexão de Ralph Keyes sobre “honestidade já foi considerada uma proposição “tudo ou nada”. Ou você era honesto ou desonesto. Na era da pós-verdade, esse conceito tornou-se mais matizado. A ética é julgada em uma escala móvel. Se as nossas intenções forem boas, e dissermos a verdade mais frequentemente do que mentirmos, nos consideraremos em um fundamento moral firme. A crescente desonestidade tem menos a ver com uma ética em declínio do que com um contexto social que não enfatiza suficientemente a veracidade. Nunca houve escassez de pessoas inescrupulosas. Onde houver quem pense poder mentir impunemente, haverá mentirosos. A questão é: quais circunstancias fomentam contar mentiras impunemente? Ser notoriamente enganador pode tornar o enganador famoso, até mesmo uma celebridade. Em nossa escala de valores dirigida pela mídia, a celebridade supera a honestidade.