As multinacionais da cocaína ramificaram-se por todas as regiões, aproveitando cada oportunidade para explorar a demanda potencial e imiscuir-se nas redes políticas, sociais e econômicas institucionalizadas. A promiscuidade com o mundo legal é seu método de autoproteção, torna-se tática de reprodução e fortalecimento, até converter-se em sua própria natureza, porque, a partir de determinado ponto, não é mais possível distinguir elos legais de ilegais, dinâmicas lícitas de criminosas. Os narcoempresários cercam-se de PhDs, gestores tarimbados que trabalham com metas e esquemas meritocráticos, operadores financeiros de primeira qualidade, sócios bem situados na arena transnacional, conselheiros econômicos e políticos refinados, com trânsito irrestrito no universo empresarial, jurídico-político e na grande mídia. O capital errante lava-se na aquisição de hotéis, restaurantes, redes de supermercados e shopping centers, revendedoras de automóveis e instituições financeiras e indústrias ou associando-se a empreiteiras e megaempreendimentos, inclusive nas áreas de energia, em especial petróleo e gás.