A crítica revolucionária é uma prática que se esforça por abarcar imediatamente tudo, aqui e agora. Isso envolve uma continua e incisiva análise do estado, das relações sociais capitalistas, da luta de classes e do desenvolvimento tecnológico, tal como os conhecemos.
Esta sociedade é fundamentalmente anti-vida, anti-humana e anti-individual, simplesmente porque a sua própria reprodução requer a subjugação da existência humana às suas necessidades.
Queremos deitar abaixo esta realidade não porque é injusta, má ou até "não livre", mas porque queremos as nossas vidas de volta.
As provas que temos indicam que certas especializações se começaram a consolidar num número de instituições sociais interligadas: o estado, a propriedade, a família, a religião, a lei, o trabalho (enquanto atividade separada da vida), etc. Este processo aconteceu através da alienação da capacidade das pessoas de criarem, individual e coletivamente, as suas próprias vidas, segundo a sua vontade.
Examina o estado, a economia, e os sistemas tecnológicos que desenvolvem para controlar as nossas vidas. Examina o aumento da precariedade da nossa existência a todos os níveis.
Eu entendo a alienação como a separação da nossa existência de nós mesmos, através de um sistema de relações sociais que rouba a nossa capacidade de criarmos as nossas vidas nos nossos próprios termos, de modo a usar a nossa energia para produzir e reproduzir o que é necessário para manter separados e centralizados a riqueza e o poder. O que me é estranho é, assim, aquilo que eu não consigo usufruir como meu. Alienação, neste sentido, não pode ser causada por uma ideia ou modo de pensar. A sua fonte tem de estar nas relações sociais.
A megamáquina do estado industrial e capitalista é uma grande instituição para a qual cada um de nós não é nada a não ser palha. As relações sociais do seu quadro institucional são construídas inseridas no seu sistema tecnológico, fazendo qualquer visão de auto-gestão deste enorme aparato absurda. Por isso, a intenção é destrui-la, não pela "Terra", pela "Vida", mas antes por nós mesmos, de modo a podermos experimentar livremente as inúmeras possibilidades de nos relacionarmos e criarmos as nossas vidas sem qualquer tipo de dominação, para explorar o projeto coletivo da auto-realização individual. Por isso, uma crítica revolucionária da civilização terá a sua base numa crítica comunista e egoísta da existência - por outras palavras, será fundamentalmente anarquista.
As nossas vidas foram-nos roubadas; fomos espoliados da nossa capacidade de determinar as condições da nossa existência, e o inimigo e as suas ferramentas estão por todo o lado à nossa volta.
Wolfi Landstreicher
