14.7.24

Os chefes

Hermanos Flores Magón

Não se deve formar uma massa; inútil reproduzir os preconceitos, as preocupações, os erros e os costumes que caracterizam as multidões cegas. A massa está firmemente convicta de que é necessário um chefe ou um guia para conduzi-la a seu destino. Para a liberdade ou para a tirania, pouco importa: ela quer ser guiada, com a cenoura ou com o bastão.

Esse hábito tão tenaz é fonte de inúmeros males nocivos à emancipação do ser humano: ela coloca sua vida, sua honra, seu bem-estar, seu futuro, sua liberdade nas mãos daquele que ela faz chefe. É ele que deve pensar por todos, é ele que é encarregado do bem-estar e da liberdade do povo em geral bem como de cada indivíduo em particular.

Desse modo, milhares de cérebros não pensam porquanto é o chefe que é encarregado de fazê-lo. As massas tornam-se, portanto, passivas, não tomam nenhuma iniciativa e arrastam-se em uma existência de rebanho. Esse rebanho, os políticos e todos aqueles que aspiram a cargos públicos bajulam-no no momento das eleições, para, em seguida, melhor enganá-lo, logo após elas terem passado. Os ambiciosos enganam-no por promessas no transcurso dos períodos revolucionários para recompensar, em seguida, seus sacrifícios por pontapés uma vez a vitória obtida.

Ricardo Flores Magón | 1912