30.7.20

Capitalismo e colapso ambiental


Floresta Amazônica em perigo, por Ricardo Abramovay | 2019

O desmatamento é um ato voluntário e arbitrário de destruição da natureza. O mais atroz. Ele é a forma mais direta e imediata de matar o maior número de formas de vida em escala planetária. O desmatamento invade, como um câncer, o organismo social e o organismo natural. Como câncer social, ele é o império da brutalidade e do crime organizado. No Brasil e alhures ele está no centro da violência contras as populações tradicionais da floresta. Os relatórios da ONG Global Witness, de 2014 e de 2017, afirmam que o Brasil continua sendo o local mais perigoso do mundo para os que tentam defender a floresta. Dos 908 assassinatos documentados pela ONG entre 2002 e 2013 no mundo todo, 448 se produziram no Brasil (49,33%). Entre 2010 e 2016 houve no Brasil 200 assassinatos documentados e tipificados de camponeses, índios e ativistas, perpetrados a mando do agronegócio, de madeireiras e de outros interesses corporativos, sendo 49 apenas em 2016. E esses dados só mostram a ponta do iceberg. Como câncer natural, o desmatamento assesta um golpe mortal na biofesra. Dentre os 17 tipos de ameaça à biodversidade citadas por um estudo sobre o declínio dos mamíferos no Brasil, o desmatamento aparece como a causa mais abrangente.

Todos os mais graves desequilíbrios da biosfera têm no desmatamento um ponto de partida ou um fator crucial de agravamento. As crises que acuam a biosfera são em grande parte metástase do câncer do desmatamento.


Luiz Marques