28.8.20

Documentary


Beyond Fordlândia, de Marcos Colón | 2017

Chegamos a um momento em que, ou paramos, pensamos e intervimos no processo de alguma forma, ou o futuro vai contemplar muitas agruras, de várias formas. Diferente da borracha, a soja destrói a paisagem, contamina lençóis freáticos, dizima a agricultura familiar e, em última escala, está matando o homem, o último elemento dessas cadeias. Esse processo é chamado de violência lenta. Acontece diante de nossos olhos, mas não vemos. Ela se dá em vários níveis. É a violência contra o ambiente, contra a cultura, contra o ser humano, e ela segue seu curso. Mas não pode ser ignorada. Para que possamos mudar algo ou pensar, precisamos olhar para a Amazônia de outras formas. Seria uma abordagem ou olhar lento, para entender como esses processos foram desenhados e entranhados na região, para que possamos propor novos caminhos e modelos menos agressivos. Não é um processo fácil. E essa é abordagem do filme em relação à água: a indústria do agronegócio é a maior consumidora de água no Brasil. O processo de infiltração dos agrotóxicos contamina lençóis freáticos e os corpos hídricos. A questão central do agronegócio, assim como os casos de Juruti e o episódio de Bacarena, estão todas ligadas ao tema da água. É um despojamento político, do Estado. A leniência com essas problemáticas locais que não são olhadas lentamente, não são entendidas em sua complexidade. E o preço que se paga hoje já é muito caro.