20.11.20

Cemitério de esquizofrênicos

No sympathy for fools

Outro dia, num sebo nem um pouco especializado, um brasileirinho de classe média, destes que ficam engavetados em pequenas caixas de sapatos de concreto, puxou conversa comigo. 

Eu estava escolhendo dois livros. Um dilema praticamente me congelava, levaria os dois ou apenas a história social do LSD no Brasil? Talvez porque eu o folheava, enredado pelo índice, o garoto encantado se sentiu compelido a me revelar uma experiência ao tomar Ayahuasca.

Parei para lhe dar ouvidos até onde eu podia suportá-lo. O que com certeza não duraria a existência de um cigarro. Foi lance rápido, praticamente um bom dia com cheiro de bafo. Ao final da "estória", sorriu para mim como se estivesse diante de um dentista. E arrematou uma alucinação: tinha visto deus. Seria mais um caso de esquizofrenia que se espalhou pela maquete de república?

Sempre que eu encontro um cidadão brasileiro, pergunto-me:

"Estarei na frente de um crédulo do século I?"