25.3.21

Limites do crescimento


A sistemática retomada da ambição fáustica de dominar e manipular totalmente a natureza já alcançou níveis de desequilíbrio, destruição e deterioração irreversíveis, sem que a violência do processo inteiro tenha abalado os que ainda postulam que o trabalho industrial e a produção crescente "valorizam" o planeta e fazem do homem um ser mais humano. A insensibilidade aos limites da natureza foi, durante mais de um século, um dos pontos cegos do materialismo histórico, que, nesse particular, regrediu à condição de êmulo equivocado do economicismo burguês. O capitalismo liberal do Ocidente e o "socialismo real" soviético e chinês rivalizaram, com opostas doutrinas, na mesma direção produtivista e atentatória ao equilíbrio homem-natureza.

O homem da era industrial alheou-se do fruto e do sentido do próprio trabalhou e tomou a natureza como um reservatório inesgotável de materiais de que o seu labor poderia apropriar-se indefinidamente. O estranhamento operou-se, portanto, em duas direções de dominação: sobre o trabalhado e sobre a natureza enquanto matéria passível de ser explorada.

Alfredo Bosi