30.6.24

Da ação humana sobre a geografia física

 
Edusp | 2015

Acampando como um viajante de passagem, o bárbaro pilha a terra; explora-a com violência sem lhe devolver em cultura e cuidados inteligentes as riquezas que lhe tomou; ele acaba inclusive, por devastar a região que lhe serve de moradia e torná-la inabitável. O homem verdadeiramente civilizado, compreendendo que seu próprio interesse confunde-se com o interesse de todos e aquele da própria natureza, age completamente diferente. Ele repara os estragos cometidos por seus predecessores, ajuda a terra em vez de encarniçar-se brutalmente contra ele; trabalha pelo embelezamento tanto quanto pela melhoria de sua extensão. Ele não sabe apenas, na qualidade de agricultor e industrial, utilizar cada vez mais os produtos e as forças do globo; ele também aprende, como artista, a dar às paisagens que o cercam mais encanto, graça ou majestade. Tornado "a consciência da terra", o homem digno de sua missão assume por isso mesmo uma parte de responsabilidade na harmonia e na beleza da natureza circundante.

Élisée Reclus | 1864