Trawling | 1940-1949
Com a pesca industrial, observa-se mais uma vez a lei mais definidora do capitalismo global: à medida que os recursos naturais escasseiam, o capitalismo aciona meios mais radicais de sua exploração, de modo que a devastação aumenta. Assim, os primeiros declínios ou colapsos dos cardumes nos anos 1990 levaram, tipicamente, ao emprego de métodos de exploração ainda mais brutais que os que ocasionaram a escassez: a pesca de rede de arrasto (trawling). Esta pode ser de fundo, em busca das espécies demersais, ou de meia-água, caso em que se empregam sondas e GPS para fixar a profundidade exata da rede. Em ambos os casos, o resultado é catastrófico para as populações marinhas. Como afirma Elliot A. Norse, presidente do Marine Conservation Institute, de Washington, a respeito da rede de arrasto de fundo, que escava o fundo do mar:
À medida que a pesca costeira colapsou no mundo todo, a pesca industrial avançou para o mar aberto e para maiores profundidades em busca das últimas concentrações atraentes de biomassa pescável. Muitos barcos pesqueiros de águas profundas usam redes de arrasto, as quais têm com frequência alto impacto sobre peixes não visados pela pesca (por exemplo, tubarões) e invertebrados (por exemplo, corais). Esse gênero de pesca pode com frequência ocorrer apenas por receber maciços subsídios governamentais. A combinação de uma população-alvo como muito baixa produtividade, uma economia que favorece a liquidação da população e um regime regulatório muito fraco torna a pesca em mar profundo insustentável com raras exceções. Na realidade, a pesca em mar profundo aparenta-se mais a uma operação de mineração, que avança, eliminando serialmente populações pescáveis.
Segundo a FAO e os autores desse trabalho, a pesca por esse método de rede de arrasto de fundo setuplicou entre 1960 e 2004. Expandiu-se também, desde os anos 1950, em direção aos mares meridionais a uma taxa média de 1 de latitude por ano e, a par disso, a profundidade média desse gênero de pesca mais que triplicou, passando de 150 metros (492 pés) para 520 metros (1.706 pés) em 2004, o que supõe navios de maior calado acessíveis apenas às grandes corporações da pesca.