8.8.22

L'Homme que plantait dês arbres

 

Eu conhecia perfeitamente o caráter das aldeias daquela região. Umas quatro ou cinco dispersas pelos flancos das alturas, nas matas de carvalhos branco, longe umas das outras, na extremidade de caminhos por onde possam passar carruagens. São habitadas por lenhadores que fazem carvão de madeira. São lugares onde se vive mal. As famílias, apertadas umas contra as outras nesse clima que é duma rudeza excessiva, tanto no Verão como no Inverno, fecham-se no seu egoísmo, numa ambição irracional, desejando continuamente escapar-se deste lugar.

Os homens vão a vila levar o seu carvão em caminhões e voltam. As mais sólidas qualidades ruem sob este perpétuo duche escocês. As mulheres acumulam rancores. Há concorrência em tudo, seja a venda do carvão seja o banco da igreja, as virtudes que se combatem entre si, os vícios que igualmente se combatem entre si e a mistura geral de vícios e virtudes, sem descanso. Sobre tudo isso, o vento irrita os nervos sem cessar. Há epidemias de suicídio e numerosos casos de loucuras, quase sempre mortíferas. 

Jean Giono