A formação da sociedade farmacopornográfica foi caracterizada por dois novos vetores de produção de subjetividade sexual no meio do século XX. Por um lado, introduz-se a noção de "gênero" como um dispositivo técnico, visual e performativo para sexualizar o corpo, reorganizar o sistema médico-jurídico, educacional que, tinha articulado as noções de "normalidade" e "perversão" no contexto do conceito binominal da heterossexualidade/homossexualidade de modificar tecnicamente o corpo do indivíduo para "inventar" a "mente" feminina e masculina. Por outro lado, vamos testemunhar técnicas de controle social adequadas para que o sistema disciplinar possa gradualmente filtrar o corpo individual. O que está em questão já não é apenas a punição dos crimes sexuais de indivíduos ou a vigilância e a correção de suas aberrações por meio de um código de leis externas ou disciplinas interiorizadas, mas a modificação de seus corpos enquanto plataformas de vida. Somos tratados como produtores e consumidores de órgãos, fluxos, neurotransmissores: como os suportes e os efeitos de um programa biopolítico. Ainda estamos certamente enfrentando um forma de controle social, mas desta vez é uma questão de controle leve, um tipo borbulhante de controle, cheio de cores, usando as orelhas do Mickey e os decotes de Brigitte Bardot, em oposição à arquitetura fria e disciplinar do panóptico ilustrado por Foucault. Após a década de 1950, a construção da biofeminilidade torna-se um processo de construção somatopolítica. Isto consiste na progressão da recodificação molecular - uma transformação da estrutura da vida, e não um simples disfarce ou máscara, como as teorias de gênero pós-modernas gostam de afirmar.