A razão, no passado, significava a análise dos mitos, e no futuro significará des-ideologização. A razão ainda continuará iconoclasta, mas em um novo nível.
É perfeitamente possível que a tendência geral em direção às tecno-imagens venha a se tornar irresistível, e que a razão se degenere no planejamento de programas. Que escrever não significará fazer "gramas" mas fazer "programas", e que todos os textos se tornarão pré-textos. Então, de fato, podemos discernir atualmente dois possíveis futuros para a escrita: ou ela se tornará uma crítica da tecno-imaginação (o que significa: um desmascaramento das ideologias escondidas atrás de um progresso técnico que se torna autônomo em relação às decisões humanas) ou se tornará a produção de pretextos para a tecno-imaginação (um planejamento para aquele progresso técnico). Na primeira alternativa, o futuro se tornará inimaginável por definição. Na segunda, a história, no sentido estrito do termo, caminhará para um fim, e poderemos facilmente imaginar o que se seguirá: o eterno retorno da vida em um aparato que progride por meio de sua própria inércia.