21.10.15

l’atelier populaire


[1968]

EPÍLOGO

Finda a leitura, o livro está completo

em sua solidão mais-que-perfeita
de couro falso e íntimo papel.

Lá fora, o mundo segue, arquitetando
as mesmas contingências costumeiras
que nunca esbarram numa irrefutável

conclusão que se possa resumir
em três letras letais, inalienáveis.
Que paz será possível nessa selva

sem índices, prefácios, rodapés?
indaga, da estante mais excelsa,
o livro. Porém nada disso importa,

se todas as dúvidas se dissipam,
com tudo o mais, quando o bibliotecário
apaga as luzes, sai e tranca a porta.

Paulo Henriques Britto | Tarde
2007