Chegaram-me as imagens de manifestantes do último domingo – que já viraram piada pronta com o pato de tróia – soltando suas "opiniões", que não passaram de pesados preconceitos.
"Tudo vagabundo", "vai trabalhar" e "pagar imposto" são exemplos do tipo de mentalidade da horda. Isso em um domingo em que uma senhora apontava a manifestação dos skatistas como se ela fosse um ato violentíssimo. Sanguinário. Infelizmente a pessoa que destilou o verbo trabalhar não sabe o quanto de exploração há por trás dele. E tem mais: são uma palavra e uma ideia que não passam de condicionamento.
Mas vai falar para esta pessoa - uma cidadã de bem exemplar - sobre o trabalho intelectual e braçal. Vai explicar para esta "brasileira oficial" a etimologia da palavra trabalho. Nesta, quem paga o pato é o trabalhador.
Tentei, com muito esforço, ver mais registros do ridículo de atmosfera fascista. Não deu. Os manifestantes canarinhos reproduziram maneiras mecanicamente hostis. Entre outros clichês que se tornaram dogmas não sei como. Esquemas simplificadores dos quais devemos nos livrar.
Ao fim, eu que estou mais de saco cheio deste joguinho de adultos folgados e mimados, invoco o direito à preguiça como um último ato de resistência.