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O capitalismo ao transformar em mercadoria todas as sequências da atividade humana, fraciona, "fragmenta" o indivíduo: "Cada uma das suas relações humanas com o mundo, ver, ouvir, cheirar, degustar, sentir, pensar, intuir, perceber, querer, ser ativo, amar, enfim todos os órgãos da sua individualidade" foram alienados pela lei do lucro. Mais tarde, em 1867, em O capital, Karl Marx aprofundou mais essa ideia e opõe o ser do homem completo ao ter do homem "fragmentado" pela alienação capitalista. Este último é cindido pela divisão do trabalho, é despossuído de sua produção pela leio do valor: pelo trabalho, os assalariados transformam matérias-primas em mercadorias, e assim dão a elas um valor suplementar, valor que só retorna muito parcialmente aos produtores em forma de salários. O indivíduo, encurralado entre a dupla natureza do trabalho e os circuitos do capital, é sistematicamente separado de uma parte de si mesmos, de seu tempo social, de sua produção, de seu trabalho: de uma atividade que lhe é própria na origem. O capitalismo não é individualista, ele oprime o indivíduo.
Olivier B.
Michael L.
Michael L.