26.9.18

faça você mesmo

Mona Mohawk | Winston Smith
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A energia rebelde que alimentou o primeiro levante punk foi explicitamente anticapitalista. Ela irrompeu na cena durante a era insípida pós-Vietnã e pós-Nixon, de Jimmy Carter e dos Eagles. Conectando-se a movimentos dissidentes tão antigos quantos os dadaístas de início do século XX, passando pelos surrealistas, os beats e os primeiros hippies, os punks rejeitavam as sóbrias normas de classe média: enfadonhos empregos de tempo integral, a inutilidade da vida e das mentiras de cada dia. Em toda a sua fúria de rejeição, os punks eram imensamente criativos. Como Jello Biafra disse a V. Vale no seminal jornal punk de São Francisco Search & Destroy, "a coisa mais importante que o punk fez foi trazer de volta o disco independente e o nascimento coincidente do 'fanzine' caseiro independente. O fanzine, por sua vez, expandiu seu território bem além dos limites do punk rock, como podemos ver, por exemplo, na subcultura do ciclismo. Os zines trouxeram consigo um sentido mais amplo do que significa "punk rock". Steven Duncomb explica: "Como firmes contracorrentes, os editores de zines constroem quem são e o que fazem em oposição ao resto da sociedade. Sua identidade é negativa. Em muitos aspectos, essa identidade negativa é um legado do punk. Em grande medida, o próprio punk foi criado em oposição: contra a música comercial de meados dos anos 70, contra as vibrações 'paz e amor' da cena hippie, que naquelas alturas pareciam uma farsa". Uma geração mais tarde, a cultura do punk do "faça você mesmo" persiste, atraindo novos adeptos para subculturas que se orgulham da autossuficiência e da engenhosidade.

Chris Carlsson
Trad.: Roberto C. Costa