22.11.18

dinheiro sem valor


1943 - 2012

Não nos enganemos a nós mesmos! Os seres humanos, postos sob a tutela do mercado e do Estado, que gritam ferozmente, porém em vão, por "emprego", estão presos à lógica autonomizada do dinheiro, como o enforcado está preso à corda.

[...]

Somente com a nova ciência, de organização microeconômica, e da racionalização, a "lógica do dinheiro" podia penetrar até o âmago dos processos do trabalho. Surpreendentemente, essa identidade oculta também transparece em outra parte do processo de produção ideológica. A "religião do trabalho" industrial, defendida, em suas modalidades específicas, tanto por Lenin e Stalin, como por Henry Ford e Adolf Hitler, não quis reconhecer sua sub-ordenação objetiva à lógica do dinheiro. Ao contrário, o "trabalho industrial honesto" deveria comandar o dinheiro. Em todas as sociedades em estágio de desenvolvimento fordista havia tendências que atribuíram o permanente domínio do dinheiro, incompatível com o trabalho honesto, a uma imagem de inimigo externo e fantástico: o "capital financeiro judaico". O arquiamericano capitalista Henry Ford, figura símbolo da ascensão dos Estados Unidos, mostrou um verdadeiro ódio aos judeus. Seu livro "O Judeu Internacional" teve grande aceitação na Alemanha nacional-socialista. Por outro lado, somente agora começa a ser escrita a história da perseguição stalinista aos judeus. O anti-semitismo é a história secreta do capitalismo automobilístico e sua mobilização total de trabalho industrial e administração científica. Na Alemanha, essa história secreta resultou em um regime aberto de extermínio. Auschwitz era, nesse sentido, um fenómeno profundamente fordista, e as suas formas terríveis de organização "científica", um retrato fiel da indústria automobilística.

Robert Kurz