15.5.24

Tradição marxista

 

O desenvolvimento capitalista, que tudo nivela, trabalhou com eficiência também no campo da crítica. Os fatos essenciais são por todos conhecidos: antes de mais nada, a subordinação de quase toda a imprensa ao poder dos grandes consórcios capitalistas, para os quais a grande maioria dos críticos tornou-se cada vez mais uma parte do aparelho de propaganda a seu serviço. Apenas algumas poucas revistas, na maioria das vezes de reduzida tiragem e de escassos recursos, podem resistir e defender a liberdade de expressão da crítica. E mesmo sua real independência se torna cada vez mais problemática. Desde que o capital descobriu, paulatinamente, que também a arte de oposição pode constituir um lucrativo objeto de especulação, estes movimentos encontraram igualmente seus "mecenas" e sofreram toda a ambiguidade material e moral decorrente de um apoio por parte do capital.

Surge assim, na grande maioria da produção crítica, uma prostituição de opiniões, similar à prostituição das experiências vividas que ocorre na literatura. A ambiguidade perigosa dessas situações é posteriormente agravada pela aparência de liberdade e de independência cuidadosamente concedida pelas "altas esferas".

György Lukács
1885 - 1971