15.2.25

Capitalism had lost its memento mori


A submissão à dominação não é uma questão de consciência, mas uma questão de crença, uma questão de habitus - aquelas disposições e apreciações profundamente inculcadas e inacessíveis à consciência.

Não há mais possibilidade de construir uma sociedade em nome da cooperação. A competição, o irracionalismo, a desigualdade socioeconômica triunfaram na periferia do capitalismo. A razão não faz parte do poder estatal, a construção de uma boa sociedade não está na agenda de nenhum "gestor" contemporâneo e nos quadros dirigentes do sistema, na verdade não chega a ser um consenso dentro das estruturas públicas. O socialismo nunca foi uma utopia no imaginário popular, que anda cada vez mais despolitizado, um partido de vanguarda também é impossível de constituir. A teoria materialista não tem como ser transformada em fé para a conversão universal, ela não é uma receita, uma crença, algo que cairá do céu. Por outro lado, o que mantém a população na sua "coesão social" (apenas na esfera simbólica) são a fidelidade às mentiras teológicas, o patriotismo, os hábitos de obediência formal aos poderes instituídos e o culto às personalidades.

Se ainda há algum grupo dedicado ao socialismo no mínimo funciona como crítica aos defeitos da versão atual do sistema capitalista e não muito aspiram reformulá-lo. Tampouco o marxismo tem raízes profundas entre os membros de qualquer partido brasileiro, menos na versão marxista-leninista. É mais cômodo se adaptar ao clientelismo de Estado, ao capitalismo selvagem e à máfia poderosa dos evangélicos, enfim. No Brasil, todo mundo quer se dar bem às custas dos outros. Essa é a realidade.