Em La ville radieuse, publicado em 1933 e destinado a tornar-se a referência do modernismo urbano, Le Corbusier proferiu uma sentença de morte contra as cidades existentes - refugo podre de história, descuidada, infeliz e urbanisticamente ignorante. Ele acusou as cidades existentes de não serem funcionais (algumas funções logicamente indispensáveis não tinham agentes para cumpri-las, enquanto algumas outras funções se sobrepunham e chocavam, causando confusão nos habitantes urbanos), de serem insalubres e de ofenderem o senso estético. As deficiências das cidades existentes eram numerosas demais para que valesse a pena a retificação de cada uma delas em separado, com os recursos que isso exigiria. Seria muito mais razoável aplicar um tratamento por atacado e curar todas as afecções de um só golpe - demolindo as cidades herdadas e limpando a área para a construção de novas cidades planejadas em cada detalhe ou abandonando as grandes cidades de hoje ao seu destino mórbido e transferindo seus habitantes para novas cidades concebidas de forma correta desde o início. La ville radieuse apresenta os princípios que devem guiar a construção das cidades futuras. Le Corbusier dá prioridade às funções sobre o espaço; tanto a lógica como a estética pedem clareza funcional na vida pessoal da cidade.
A arquitetura, de acordo com Le Corbusier, é - como a lógica e a beleza - inimiga nata de toda confusão, da espontaneidade, do caos, da desordem; a arquitetura é uma ciência afim da geometria, a arte da platônica sublimidade, da ordenação matemática, da harmonia; seus ideias são a linha contínua, as paralelas, o ângulo reto.
A felicidade humana só pode assentar no ajuste perfeito entre as necessidades humanas cientificamente definíveis e a disposição inequívoca, transparente e legível do espaço da vida.