O controle panóptico teve uma importante função: as instituições panópticas foram todas concebidas como casas de correção. O propósito ostensivo da correção era tirar os internos do caminho da perdição moral em que embarcaram por vontade própria ou para o qual foram empurrados sem culpa direta, desenvolver hábitos que por fim lhes permitiriam retornar ao convívio da "sociedade normal", interromper a "decadência moral", e combater e extirpar a preguiça, a inépcia e o desrespeito ou indiferença pelas normas sociais, todas essas aflições que se combinavam para tornar os internos incapazes de uma "vida normal". Era a época da ética do trabalho - quando o trabalho, o trabalho duro e constante, era considerado ao mesmo tempo a receita de uma via meritória, piedosa, e a regra básica da ordem social. Era também a época em que crescia sem parar o número de pequenos proprietários e artesãos incapazes de viver dentro do orçamento, enquanto as máquinas que os despojavam do seu meio de subsistência esperavam em vão por mãos dóceis e obedientes prontas a servi-las. E assim na prática a ideia de correição resumiu-se a colocar os internos para trabalhar - num trabalho útil e lucrativo. Na sua visão do Panóptico, Bentham generalizou a experiência de esforços difusos mas comuns para resolver os autênticos, cansativos e preocupantes problemas enfrentados pelos pioneiros do ritmo monótono, rotineiro e mecânico do trabalho industrial moderno.
Na época em que foi esboçado o projeto do Panóptico, a falta de disposição para o trabalho eram em geral vista como o principal obstáculo para a ascensão social. Os primeiros empresários deploravam a falta de disposição dos possíveis operários para se submeter ao ritmo do trabalho fabril; nessas circunstâncias, "correição" significava superar essa resistência e tornar mais plausível a submissão.
Resumindo: fossem quais fossem seus outros propósitos imediatos, as casas panópticas de confinamento eram antes e acima de tudo fábricas de trabalho disciplinado. O mais comum era serem também soluções instantâneas para aquela tarefa suprema - colocavam os interno imediatamente para trabalhar e em especial nos tipos de trabalho menos desejados pelos "trabalhadores livres" e que era menos provável executarem por livre e espontânea vontade, por mais atraente que fossem as recompensas prometidas. Fosse qual fosse o seu propósito declarado a longo prazo, as instituições panópticas eram francamente, na maioria, casas de trabalho.
Os idealizadores e promotores da casa de correção inaugurada em Amsterdã no começo do século XVII visavam a produzir homens "saudáveis, moderados no comer, acostumados ao trabalho, com vontade de ter um bom emprego, capazes do próprio sustento e tementes a deus.