6.4.25

Utopian Lights


No seu esclarecedor estudo das utopias modernas, Bronislaw Baczko fala de "um movimento duplo: o da imaginação utopista para conquistar o espaço urbano e o dos sonhos de planejamento da cidade e da arquitetura em busca de uma estrutura social em que possam se materializar". Os pensadores e fazedores de coisas eram em igual medida obcecados com "o centro" em torno do qual o espaço das cidades futuras devia ser disposto de forma lógica assim criando as condições de transparência estabelecidos pela razão impessoal. Essa obsessão, em todos os seus aspectos interligados, é magistralmente dissecada na análise de Baczko sobre o projeto da "Cidade chamada Liberdade", publicado em 12 de Floreal do ano V da Revolução Francesa pelo geômetra e topógrafo F.-L. Aubry com o propósito de ser um esboço da futura capital da França revolucionária.

Tanto para os teóricos como para os praticantes, a cidade futura era uma encarnação espacial da liberdade, seu símbolo e monumento, conquistados pela Razão.

Os sonhos de um espaço urbano perfeitamente transparente foram uma rica fonte de inspiração e coragem para os líderes políticos da revolução, ao passo que para os sonhadores a revolução seria antes e acima de tudo uma audaciosa, decidida e competente empresa de arquitetura e construção, pronta para gravar nos terrenos destinados a cidades perfeitas as formas evocadas nas intermináveis noites insones sobre as pranchetas de desenho utopistas.