O indivíduo que domina o "código culto" tem uma capacidade maior de expressar-se, de compreender seu próprio contexto, de refutar e argumentar.
Na outra mão, o indivíduo que se expressa na "linguajeira popular" tem um horizonte cognitivo mutilado, um "código restrito", vocabulário pobre e um alto grau de redundância. Esse "linguajar espontâneo" impede o acesso a um código mais rico e mais complexo.
O meio social afeta o ritmo e a amplitude da psicogênese. As crianças subdesenvolvidas apresentam uma defasagem cognitiva considerável em relação às crianças que crescem em países desenvolvidos. E isso vale para adultos e idosos que cresceram numa sociedade cuja cultura letrada não faz parte do cotidiano e tampouco tem valor.
Indivíduos de classe baixa e média sem contato com o “código elaborado” dificilmente terão condições cognitivas para pensar de modo totalizante e refletir sobre os fatores responsáveis pela injustiça e pela desigualdade.
Os telecomunicadores, "artistas", políticos e religiosos manterão em seu gueto linguístico o indivíduo marginalizado que já vive em um gueto sócio-econômico. Assim, perpetua-se a desigualdade sócio-espacial e as discrepâncias financeiras.