24.10.25

Pintando o diabo


Can neighborhood work have a scientific basis.

Seria a fofoca um fenômeno social exclusivamente periférico? A geografia subdesenvolvida cooperaria para sua difusão e sua prática? Províncias seriam um bom ponto para pensar a microgeografia da fofoca, pois carecem de importantes instituições de conhecimento e vocabulário científico no tecido social. Hoje, igrejas assumem essa função com comodidade e seriam o verdadeiro centro de fuxicos. O que mais sobrou para o terceiro mundista que não estuda fazer? 

E a prática da fofoca seria terreno predominantemente masculino ou feminino? No sopão de confusão que é o Brasil a quem se confina a fofoca? Seria a festa de todos? 

O boato não contribui para a construção de uma boa sociedade. Todos sabem que a fofoca é maliciosa, logo, um mecanismo de exclusão, não ajuda em nada, faz piorar a percepção das pessoas sobre os outros a ponto de cimentar os preconceitos para que apenas alguns grupos possam ter espaço para prosperar.

O mexerico encoraja a união de grupos particulares. A fofoca seria então uma prática social até mesmo dos agentes de Estado, um mecanismo de exclusão e de manipulação de informações para competir com possíveis rivais mais competentes. Essa atividade privada desorganiza a esfera pública e ninguém faz nada certo. Neste sentido, a fofoca não é um mito, não é mera banalidade do cotidiano dos sem futuro, mas um mecanismo de demonização, um agenciamento de ataque a honra de um indivíduo.